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O centro histórico de Ílhavo
A primeira referência escrita à “Villa Iliauo”, que consta do cartulário do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, designado por Livro Preto da Sé de Coimbra, remonta ao século XI, mais concretamente entre 1037 e 1065, sendo a sua doação mencionada aquando da tomada definitiva de Coimbra, em plena Reconquista Cristã. Ílhavo recebe o seu primeiro Foral a 13 de outubro de 1296, pela mão de El-Rei D. Dinis, que lhe concedeu várias regalias expressas na Carta Régia. Já no século XVI, durante a Reforma Manuelina, El-Rei D. Manuel mandou que fosse outorgado, a 8 de março de 1514, novo Foral de Ílhavo que marcou uma nova etapa na vida municipal, social e económica do Concelho.
É durante os séculos XV e XVI que Ílhavo participa numa atividade nascente – a pesca do bacalhau, que, nessa altura, entrou na dieta europeia. Este peixe abundava nos mares do norte, da Gronelândia à Terranova, no Canadá, e foi a estes mares gélidos e imprevisíveis que os ilhavenses, aproveitando a sua natural propensão para as atividades marítimas e piscatórias e ainda da produção de sal local, rumaram, em navios à vela, para obter o precioso bacalhau, pescando-o à linha, em pequenas embarcações de um homem só, designadas por dóris. Esta atividade irá marcar fortemente a sua História futura.
Durante o século XVII, em 1693, as Câmaras da Vila da Ermida (povoação atualmente integrada no Município) e da Vila de Ílhavo pediram a El Rei D. Pedro II a mercê de estabelecerem uma Feira na Vista Alegre.
Em meados do século XIX verifica-se, por parte da frota bacalhoeira portuguesa, um incremento das atividades da pesca do bacalhau na Terranova. Os ilhavenses vêm nesta oportunidade uma forma de sustento para as suas famílias, aproveitando das suas competências nas artes de marinharia e navegação. Vários investigadores sustentam que “entre 1890 e 1899 sabemos que a grande parte dos capitães era procedente de Ílhavo” (Amorim, Inês, 2001, pág. 130).
É em finais do século XIX e inícios do século XX, que as influências da maritimidade ilhavense, a que se soma a emigração e retorno para o continente americano, principalmente, e também o fervilhar de influências culturais no polo artístico da Vista Alegre, resultam num centro histórico multicultural, vibrante de influências decorativas e estéticas arquitetónicas. A aplicação do azulejo como material de revestimento de fachadas de edifícios generalizou-se no último quartel do século XIX e inícios do século XX, que também é caracterizada por um aumento no número de fábricas deste material de construção na região. Painéis representando cenas quotidianas, etnográficas e repetições de padrões coloridos espalham-se pelo centro histórico e conferem novo brilho à cidade. A Arte Nova foi um estilo decorativo amplamente difundido e que originou alguns dos mais belos exemplares de edifícios nacionais. São bons exemplos desta corrente estética a Vila Africana, erguida entre 1907 e 1908, a expensas do Dr. José Vaz que assim a nomeou por influência de ter desempenhado funções administrativas na Parceria Marítima Africana, em Cabo Verde, tendo encomendado o projeto arquitetónico ao pintor e decorador regional José de Pinho, que tem também com várias outras obras arquitetónicas nas proximidades. O edifício Vila Vieira, constituído na década de 30, e atualmente sede da Junta de Freguesia de São Salvador, terá servido de habitação a João Fernandes Vieira, figura bem identificada na sociedade local e vereador por alguns anos na Câmara Municipal de Ílhavo, mas também, por longos espaços de tempo radicado na América do Sul. Trata-se de um edifício onde se mescla a arquitetura tipo colonial, a arquitetura popular portuguesa, tipo portuguesa suave, e alguns referentes decorativos de Arte Nova. A Casa dos Cestos, recentemente classificada como monumento de interesse público, e que aguarda reabilitação, embora não se lhe conheça o autor nem a data de construção, é um belíssimo exemplar arquitetónico desta corrente artística e decorativa. Mas muitos outros edifícios há, espalhados pela cidade, que refletem tanto a herança Arte Nova como o Modernismo, em especial na rua Arcebispo Pereira Bilhano mas também ao longo da antiga estrada nacional 109.
No século XX, por alturas de 1935 e 1967, com a organização corporativa das pescas, durante o Estado Novo, verifica-se que os ilhavenses passaram a ser em maior número que os restantes pescadores de bacalhau nacionais, a que se seguiam os da Figueira da Foz. São desta altura, e de construção estatal, os bairros dos pescadores, neste caso dos pescadores da Ria, na zona da Malhada. Vale a pena visitar, em especial, o primeiro dos conjuntos arquitetónicos, de pequenas casas geminadas com as chaminés decoradas com elementos náuticos e históricos.
É a 8 de Agosto de 1937 que é inaugurado o “Museu dos Ílhavos”, assumindo uma vocação etnográfica e regional, nas proximidades da Igreja Matriz. Em 2001, já com o nome de Museu Marítimo de Ílhavo é ampliado e renovado. O projeto tratou de uma profunda remodelação do edifício existente, tendo sido reformulando a sua estrutura, espaços, instalações e imagem geral. A água, visível a partir de todos os corpos, passou a ser o elemento de ligação da experiência deste museu. Este museu foi posteriormente foi ampliado em 2012, pelos mesmos arquitetos, implantando-se os novos edifícios a noroeste do original, no lote da antiga Escola Preparatória, que foi convertida no CIEMAR - Centro de Investigação e Empreendedorismo do Mar e ainda num novo edifício onde se implantou o Aquário dos Bacalhaus.
A 24 de março de 2008 inaugura-se a Casa Cultura Ílhavo, à época com a designação de Centro Cultural de Ílhavo, num edifício imponente, moderno e arrojado, que se debruça sobre a avenida 25 de Abril, artéria principal da cidade. Trata-se de um edifício de vidro que evoca as tradicionais barraquinhas de praia, marcado pelo arrojo arquitetónico. As tecnologias utilizadas para a construção da torre de cena, nomeadamente mecânica e comunicações de cena permitiram à equipa de projeto desenhar um modelo arquitetónico mais compacto que o habitual em equipamentos deste género. É mesmo um dos primeiros edifícios do país a possuir esta tecnologia. A caixilharia exterior, em aço inox e vidro serigrafado, foi desenhada exclusivamente para este centro cultural, tendo sido desenvolvido artesanalmente e integrando uma fachada ventilada que constitui um invólucro translúcido que envolve a sala de espetáculos.
O centro de Ílhavo apresenta-se como uma terra antiga, fortemente ancorada na sua maritimidade, em que se destaca a pesca do bacalhau nos mares do Norte, plena de influências culturais intercontinentais e temporais, que, na contemporaneidade, se tem destacado pela qualidade dos seus equipamentos públicos e culturais, reflexos da criatividade e vivência marítima das suas populações.
Principais pontos de interesse
- Palácio de Alqueidão (atual Biblioteca Municipal de Ílhavo) e Capela de Nossa Senhora das Neves;
- Elementos arquitetónicos decorativos: a Arte Nova, a utilização do Azulejo, o Modernismo, os grandes equipamentos públicos;
- A organização geoespacial da cidade: Ílhavo, cidade dos becos;
- Os bairros de pescadores da Malhada;
- O Museu Marítimo de Ílhavo e o Aquário dos Bacalhaus.
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